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19 de outubro de 2016Redução na taxa Selic terá efeito pequeno nos juros do crédito
19 de outubro de 2016O Banco Central deve anunciar a nova taxa básica de juros, mas nada indica mudança para o consumidor
Expectativa de economistas é de alta da inflação, dos juros e do dólar em relação ao real. O PIB, no entanto, deve ser inferior a 1%
Na quarta-feira, 19, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve anunciar a nova taxa básica de juros brasileira, a Selic. Não há consenso sobre o que vai ocorrer com a taxa, estacionada na casa dos 14,25% desde julho de 2015.
Para que rola a dívida no cartão de crédito, usa o cheque especial ou paga o financiamento do carro, pouco ou nada deve mudar independente do Copom, na visão de especialistas. Nesses casos, a distância entre a taxa Selic e o cobrado do consumidor continuará extrema, o chamado “spread bancário” no linguajar financeiro.
“O ponto não está em cair a taxa Selic, mas sim mexer em alguns pontos da política do Banco Central (BC) para diminuir a taxa de juro ao consumidor”, afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
No boletim da entidade na qual pertence, a opinião do executivo materializa-se em números. O juro médio cobrado para rolar a dívida no cartão de crédito é 32 vezes maior que o da Selic. No caso do cheque especial 21 vezes. E em um simples empréstimo pessoal de financeira, 11 vezes mais.
Razões para o descompasso
Quem é leigo no assunto não compreende o porquê de tamanha distância entre a taxa Selic e as demais formas de empréstimos. Mesmo os que trabalham no mercado financeiro têm dificuldade em explicar. O diretor da Anefac informa que há cinco elementos que justificam tamanho descompasso:
1 – Custo de captação dos bancos, que é quanto os bancos pagam para tomar dinheiro e depois emprestar. Este custo, no Brasil, é o da taxa Selic.
2 – Impostos e compulsórios cobrados pelo BC no dinheiro arrecadado pelos bancos. Chamado de “cunha fiscal” tecnicamente, é um componente importante nos juros pagos pelo cidadão comum. Hoje os bancos têm que recolher 45% do que arrecadam em dinheiro dos depósitos à vista, e 25% nos depósitos a prazo ao BC. Essas taxas, que já foram muito maiores no passado (80% na década de 90 nos depósitos à vista), são pequenas em países desenvolvidos, abaixo de 10%.
3 – Despesas administrativas também pesam no spread bancários. Pagamento para manter agências, funcionários, tecnologia de processamento de dados.
4 – Risco da operação também influi muito na composição dos juros, diz o diretor da Anefac. Segundo ele, 40% dos usuários de cartão de crédito hoje no Brasil estão inadimplentes. “Na prática isto significa que os bons, que pagam corretamente, pagam pelos maus”, afirma. Para compensar perdas, os bancos elevam as taxas de juros cobradas.
5 – Ganho dos bancos, ou margem líquida dos bancos. Representa quanto o banco lucra ao captar de um lado e emprestar do outro.
O que fazer?
Para diminuir os juros cobrados ao consumidor final, o diretor da Anefac acredita que existam dois caminhos a serem tomados pelo BC: baixar os depósitos compulsórios e impostos e contribuições cobrados como IOF, PIS-Cofins entre outros.
“Não basta somente diminuir a taxa básica de juros e achar que isto terá efeito no consumidor final”, diz Miguel Ribeiro. E acrescenta: “Precisamos rodar a economia com uma política de crédito melhor para sairmos da crise”.
Fonte – Isto É Dinheiro