Incorporadoras querem que os bancos antecipem o financiamento imobiliário para o momento de venda na planta

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Incorporadoras querem que os bancos antecipem o financiamento imobiliário para o momento de venda na planta

abstract 3d of building development concept

Financiamento de imóvel está difícil
Pressionadas pelo aumento das desistências de compra de imóvel, incorporadoras querem que os bancos antecipem o financiamento imobiliário para o momento de venda na planta.

A prática já acontece entre os bancos públicos, sobretudo em empreendimentos de habitação popular. Já os bancos privados resistem à proposta por entender que ela aumenta seus riscos.

Hoje, o mais comum é que o comprador pague uma parte do imóvel à incorporadora durante a obra e contrate o financiamento com o banco quando receber as chaves.

O problema é que, nesse meio tempo, a situação financeira do cliente pode piorar a ponto de o banco rejeitar a concessão do crédito. Sem o recurso, o comprador desiste da aquisição -o chamado distrato, no jargão do setor- e a incorporadora precisa revendê-lo para pagar as dívidas que contraiu ao realizar a obra.

Ao lado da queda nas vendas, essa tem sido uma das principais razões para a crise do setor. Ao antecipar a concessão do financiamento para a compra na planta, porém, o risco de distrato desaparece porque o cliente já tem um contrato com o banco.

À medida que a obra avança, o banco libera dinheiro para a construtora e cobra do cliente juros sobre esse repasse. O pagamento das parcelas do financiamento começa após a entrega do imóvel.

A Caixa trabalha com esse formato desde 1997. Hoje, quase 100% dos imóveis vendidos pelo Minha Casa, Minha Vida e 60% do restante são financiados nesse sistema, segundo Teotônio Costa Rezende, diretor-executivo de habitação do banco.

O Banco do Brasil também oferece o produto e anunciou recentemente que vai estendê-lo para a linha Pró-Cotista, para imóveis de até R$ 750 mil financiados via FGTS.

“Fizemos isso porque queremos nos relacionar com o cliente o mais cedo possível. Isso permite que eu o fidelize e acompanhe melhor seu comportamento”, diz Raul Moreira, vice-presidente de negócios de varejo do banco.

CONSUMIDOR

Para o cliente, a principal vantagem é ter o financiamento garantido no momento da compra. “Ele tem certeza sobre o crédito e as taxas”, diz Luiz França, presidente da França Participações e membro do conselho de administração da Tecnisa.

O professor da USP João Rocha da Lima Júnior, especialista em mercado imobiliário, concorda. “O comprador se enquadra em um preço que ele sabe que é capaz de pagar desde a origem”, afirma.

O que as incorporadoras querem é que mais bancos adotem a prática e financiem na planta também imóveis mais caros. Segundo Luiz Moura, diretor da Abrainc (entidade que reúne empresas do setor), o grupo negocia uma proposta com as instituições financeiras.

A incorporadora Rodobens, que já faz uso do modelo em seus empreendimentos para o Minha Casa, Minha Vida, deve lançar até o fim deste ano um projeto direcionado para a classe média com financiamento na planta.

“Vamos usar esse produto como um teste. O lado bom é que diminui os distratos e minimiza os riscos da empresa”, diz Flávio de Cápua, diretor financeiro e de relações com investidores da Rodobens.

BANCOS PRIVADOS

Se depender das instituições financeiras, porém, a probabilidade de o plano ser ampliado para outros segmentos é baixa. Bradesco, Itaú e Santander não oferecem o produto em nenhuma linha de financiamento.

Do ponto de vista dos bancos, um dos principais problemas é a dificuldade de prever a inflação entre a compra na planta e a entrega do imóvel e embuti-la no financiamento, segundo Gilberto Duarte, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Outra questão é o que acontece caso ocorram problemas na obra, como embargos da construção e atrasos na entrega. Ainda que os bancos afirmem contratar seguros e poder trocar a construtora, esse processo não é simples, segundo Lima Júnior, da USP.

“É um risco que o banco não sabe dimensionar e um controle que ele não sabe fazer. Ele não tem expertise nisso”, afirma o professor.

“Achamos que esse produto é viável para imóveis de menor valor, mas, para o nosso mercado e do nosso ponto de vista, não temos interesse em fazê-lo”, afirma Rodrigo de Barros, superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander.

(Folhapress)

Fonte – DiárioOnLine

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