
Juros do cheque especial voltam a bater recorde em junho
27 de julho de 2016
Ação da PF desarticula quadrilhas especializadas no furto de caixas eletrônicos
28 de julho de 2016Com desemprego em alta, beneficiários estão sendo obrigados a recorrer aos empréstimos para cobrir despesas da família; 30,3% das agressões registradas contra idosos são por causa de dinheiro
O endividamento dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) bateu novo recorde. Com o desemprego, a queda na renda familiar e o crédito mais caro, sobrou para os segurados ajudarem nas contas da casa, usando, cada vez mais, os empréstimos consignados. Este ano, a modalidade disparou 9,4% e os beneficiários já devem R$ 94,1 bilhões aos bancos, divulgou ontem o Banco Central.
Não à toa, a violência financeira é uma das formas mais comuns de abusos contra idosos no Distrito Federal, como aponta relatório da Central Judicial do Idoso (CJI). As agressões foram constatadas em 61,7% dos atendimentos do órgão, sendo 30,3% por causa de dinheiro, já que, em alguns casos, familiares forçam os aposentados a contraírem empréstimos consignados.
Com a aposentadoria comprometida com o orçamento doméstico, o aposentado Edson Nascimento, 66 anos, entrou para a estatística das operações de crédito do BC. Ele não encontrou outra saída além de recorrer ao consignado para quitar dívidas e pagar despesas médicas. Desde novembro do ano passado, pegou dinheiro emprestado duas vezes. Hoje, a dívida é de R$ 20 mil. Todo mês, Edson desembolsa R$ 1 mil do benefício. “Não sei quanto vou pagar de juros, mas terei descontos pelos próximos dois anos”, explicou. Além das contas de casa e com medicamentos, ajuda a filha que ficou desempregada. “Ela não tem como arcar com os próprios gastos, sobra pra mim”, desabafou.
Em 12 meses, o saldo devedor dos aposentados e pensionistas cresceu 12,4%, enquanto, em média, as operações totais de crédito às pessoas físicas avançaram 4,6% no mesmo período, para R$ 1,530 trilhão. Em junho, especificamente, o aumento foi de 0,3%. De acordo com o Banco Central, somadas todas as operações de crédito, incluindo pessoas físicas e jurídicas, o saldo atingiu R$ 3,13 trilhões, o que representou recuo de 0,5% em junho.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, explica que é raro ter queda no crédito em junho, e isso só ocorreu uma vez, em 2001. “O recuo é reflexo da baixa atividade econômica, de menos estímulo para tomada de crédito e de menor renda das famílias”, justifica. No primeiro semestre de 2016, a retração é de 2,8%. Em igual período do ano passado, houve alta de 2,7%.
Simone Kafruri
Fonte – Correio Braziliense